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Este microbook é uma resenha crítica da obra: How to think like a roman emperor
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-65-5047-030-2
Editora: Citadel
Donald Robertson acredita que existe uma correlação entre a moderna psicologia cognitiva e a filosofia estoica. Ambas partem do princípio de que nossas emoções são fruto de nossas crenças. Algumas técnicas dos estóicos lembram as que aparecem nos consultórios de hoje.
Princípios da filosofia viraram termos complicados da terapia cognitivo-comportamental de hoje, como “distanciamento cognitivo” e “análise funcional”. Para o autor, se combinarmos a psicologia contemporânea e os conceitos estóicos, encontramos um sistema de progresso de vida e prevenção para a saúde mental ainda mais eficiente.
Os estóicos ensinaram a achar um propósito na vida, a enfrentar as adversidades, a vencer os sentimentos tóxicos, a experimentar a alegria e a vencer o sofrimento de forma digna. O autor foca principalmente no imperador Marco Aurélio, o principal expoente dessa filosofia. Ele acreditava que não devíamos gastar tempo advogando como um homem bom deveria ser. Em vez disso, bastava sê-lo.
Os estoicos acreditavam nas quatro virtudes cardeais: sabedoria, justiça, coragem e temperança. Elas são um guia para uma vida de harmonia, em que se aceita a si, aos outros e aos eventos externos, fora do nosso controle. Só que esses ideais não são simples de alcançar, especialmente em circunstâncias difíceis.
No entanto, são os princípios que guiaram a vida de Marco. Eram sua luz orientadora e ele treinou para que conseguisse pôr em prática seus princípios. Os estóicos defendiam que podemos desenvolver virtudes e, com a prática, adotar as características positivas que queremos.
Não é a busca pela perfeição. Os estoicos sabiam quando falhavam. Mas eles se esforçavam para alcançar seus ideais. O segredo é escolher o caminho que é sábio, justo, corajoso e moderado. Marco levou esses princípios a sério, buscando a virtude na sua rotina. Essa estrada troca os prazeres rápidos pela busca por uma autêntica felicidade.
Todos temos nossas próprias montanhas-russas emocionais. A alegria e a tristeza são inconstantes. Só que Marco decidiu viver de forma diferente. Ele aprendeu a lidar com emoções difíceis, como a raiva, usando a filosofia estoica. Assim, encontrou a “eudaimonia”, o estado de autêntica e duradoura felicidade.
Ser feliz é diferente de estar satisfeito. O prazer passa rápido, enquanto a eudaimonia dura. Ela não vem da realização de desejos, mas da satisfação em ter uma vida virtuosa. Isso se deve à prática estoica que inspirou o “distanciamento cognitivo” dos psicólogos. É a prática de se separar mentalmente das emoções, para vê-las de um ponto de vista externo.
Imagine-se como se fosse visto de fora. A partir daí, elabore respostas racionais. Essa prática estoica ajuda a baixar a poeira emocional e a ver o problema como um terceiro, com olhar imparcial. Quando vê suas emoções como se pertencessem a outra pessoa, você passa a ter reações melhores.
Tudo na história será esquecido. Para algumas pessoas, deixar de existir da memória dos outros é uma fonte de ansiedade. Essas se comportam de forma tola em um esforço para deixar um legado e se tornarem imortais. Marco vai pelo caminho contrário. Em vez de lutar contra a impermanência da vida, ele prefere aceitá-la.
Não siga seu ego. Esqueça a ideia de ser lembrado. Esse é o caminho estoico. Marco lidou serenamente com a possibilidade de morrer cedo. Isso o fez se livrar do peso do próprio ego e viver livremente. Embora Marco não fizesse questão de ser lembrado, ele foi.
Isso mostra que pessoas pouco movidas pelo ego se destacam mais. Aceite que você não pode parar o relógio. Todos vamos para o mesmo fim. Os estoicos não rejeitam a morte. Em vez disso, eles focam em morrer bem. Marco meditou sobre a finitude da vida várias vezes para que essa consciência o ajudasse nas decisões.
Muita gente pensa que ser estoico é assumir um estilo de vida árido, sem prazer ou contentamento. Mas se observarmos as cartas pessoais de Marco Aurélio, veremos como ele foi bem-humorado, positivo e alegre. Isso mostra que o estoicismo não é sobre suprimir sentimentos, e sim, sobre não se deixar controlar por eles.
Os estoicos tinham o mesmo entendimento fundamental da psicologia moderna. Sabiam das vantagens de seguir a razão e dos problemas de reprimir o que se sente. Ao pensar em um adepto, não imagine uma pessoa chata. Em vez disso, ponha na sua mente a imagem de alguém que investe em uma felicidade mais duradoura.
Os estoicos evitam o estresse dos desejos. Eles aceitam a morte, ainda que não de forma sombria. Buscam lidar bem com o que é natural na natureza humana. A filosofia não é chata, sem emoções ou utópica. Marco teve uma existência difícil e ainda assim não abriu mão da serenidade.
O estoicismo é sobre viver uma vida em harmonia com o caminho natural do mundo. Para os adeptos da ideia, o objetivo é agir de acordo com a natureza. Os estóicos focam em aceitar o destino como ele é e não como deveria ser.
Marco acreditava que sua vida era tão boa quanto qualquer outra que poderia ter. Isso não significa que as preferências não importem. Podemos escolher vários caminhos na nossa trajetória. O caminho pode ir pela prosperidade ou pobreza, saúde ou doença e por aí vai. No entanto, os estoicos defendem que as pessoas têm a mesma origem e são feitas da mesma matéria.
Isso significa que elas deveriam optar pelo caminho da virtude e da sabedoria, independentemente de suas circunstâncias. Às vezes, são os bem-sucedidos que se desviam do caminho da virtude. Isso porque eles desperdiçam as vidas em busca de prazeres que, no fim, os torna infelizes.
Já passamos da metade do microbook e o autor conta como o estoicismo pode ajudar a lidar com a dor. Nem sempre estamos imunes a doenças e algumas podem ser crônicas. É o caso de Marco, que sofreu de problemas de saúde por boa parte da vida.
Só que ele não lutava contra a dor, concentrando-se em aceitá-la. Assim, ditou como reagiria a ela. Ele a abordou de forma lógica, impedindo que os problemas de saúde o atrapalhassem. Existem várias histórias de filósofos estoicos que rolavam na areia quente no verão ou abraçavam estátuas congeladas no inverno.
Era como se desafiassem o sofrimento. Eles, aos poucos, se imunizaram contra as condições dolorosas que viriam no futuro. Assim, ficaram prontos para enfrentar o sofrimento. Para os estoicos, a dor é sempre aguda ou crônica. Nunca simultaneamente as duas coisas, o que significa que é suportável.
As pessoas sofrem porque ignoram a inevitabilidade das coisas difíceis. Por isso, os estoicos praticavam as “dificuldades voluntárias”. Isso acontecia quando abriam mão do conforto e encaravam coisas árduas de propósito. Uma versão moderna disso é o hábito de tomar banhos frios recomendado por alguns livros de desenvolvimento pessoal.
O prazer e a conveniência nem sempre vão estar ao alcance da mão. Por isso, vale a pena se habituar ao desconforto. Faça coisas difíceis, mesmo quando o conforto está disponível. Essa é uma forma de fortalecer o caráter e de se aproximar das virtudes. As dificuldades voluntárias são uma forma de se preparar para o pior.
Os estóicos usavam para treinar sua capacidade de vencer a adversidade, expondo-se deliberadamente ao frio ou calor intenso, por exemplo. É uma forma de lidar com o estresse e se preparar para os problemas da vida. Experimente se expor a algo difícil. Faça um exercício físico, ainda que traga dores. Ligue o chuveiro no modo gelado.
Marco sempre recompensava as pessoas que faziam boas críticas. Esse feedback servia para que não se afastasse de seus princípios mais importantes. O resultado é uma vida de decisões consistentes. Ele insistia que tivesse uma pessoa no seu círculo que fiscalizasse seus ideais, fazendo com que não se perdesse deles.
Quando os estoicos sentiam que não tinham ninguém capaz de fazer boas críticas, recorriam aos mentores imaginários. Alguns filósofos, como Galeno, Sêneca e Epiteto, recorriam ao poema “Os versos dourados de Pitágoras”. São um conjunto de exortações morais da Antiguidade.
Nesse caso, Pitágoras seria um mentor imaginário, que nos lembraria do que precisamos aperfeiçoar e das virtudes que precisamos nos aproximar. A dica do autor é usar Marco Aurélio para a mesma função. Quando tivermos uma dúvida e não tivermos ninguém confiável para nos aconselhar, precisamos nos perguntar o que o imperador faria.
Marco foi um debatedor poderoso. Ele entendeu o funcionamento da retórica sofista, que se baseava no apelo emocional e nas palavras floridas. Mas se recusou a ser um adepto desse método. O imperador preferiu usar a honestidade e as palavras simples, uma espécie de antirretórica ou contrarretórica.
Ele investia nos fatos e nos pontos em comum. Não queria o conflito, e sim, a união. Seu objetivo era acalmar as pessoas, conversando com os outros sem acusá-los, como os sofistas. O pensamento estoico está na contramão do dramático e catastrófico.
Ele procura o diálogo direto, sem artifícios para impressionar. Tem pouco interesse no discurso empolado ou bonito. Marco procurava os termos que solucionasse problemas em vez de criá-los. Esse foi um componente importante do seu estilo de vida estoico.
Para os estoicos, saúde e riqueza não são coisas boas por si só. Elas podem até trazer mais problemas do que soluções aos tolos. Um exemplo contemporâneo é o dos vencedores da loteria, que desperdiçam seu dinheiro e terminam mais infelizes do que antes dele.
Saúde e riqueza, se usadas de forma errada, fazem mais mal do que bem. O objetivo do estoicismo não é buscar progresso material, e sim, usar o que nos foi dado com sabedoria. Isso não tem a ver com ser rico ou pobre.
O sábio não precisa de nada, mas usa tudo que tem para o bem. O tolo precisa de muito, mas usa tudo o que tem para o mal. A busca nunca pode ser feita à custa das virtudes. É melhor ter dinheiro do que dívidas. Só que sua conquista financeira não pode ser fruto da injustiça. Aqui, a razão define se o que queremos é bom.
No ano 180 d.C., Marco Aurélio estava à beira da morte. Ele fora acometido por uma febre e seu estado de saúde decaiu. Provavelmente iria morrer e todos sabiam disso. Ele estava sofrendo com a “Peste Antonina”, um tipo de varíola da época.
Com quase sessenta anos, seu estado de saúde era frágil. No entanto, os médicos presenciaram um comportamento sereno e quase indiferente. Parecia que ele não se importava com o que estava acontecendo. Mas isso era fruto de preparo. Marco aprendeu a contemplar a morte de forma racional e serena. Para os estoicos, só desaprendemos a ser escravos quando aprendemos a morrer.
Isso não se deu do dia para a noite. O imperador sempre foi um homem afetuoso, que se sensibilizava com a perda. No estoicismo, encontrou o caminho para suportar o fim das pessoas que mais gostava. Depois, usou todos os anos de aprendizado para encarar a própria morte de forma serena.
“Pense como um imperador” mostra as ideias de Marco Aurélio e os princípios da filosofia estoica. Seus adeptos advogavam uma vida virtuosa, serena e em paz com as dificuldades centrais da vida, como a doença, a morte e a pobreza.
Donald Robertson mostrou como Marco Aurélio encarou seus problemas usando a filosofia estoica como base. O próprio imperador conta mais detalhes sobre isso no seu livro “Meditações”, disponível como microbook no 12 min!
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Donald Robertson é psicoterapeuta cognitivo comportamental, com prática clínica centrada no tratamento de problemas relacionados a ansiedade. Autor de seis livros, especi... (Leia mais)
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